Como criar perfis de eleitor e construir a comunicação ideal para conectar com diferentes públicos
A construção de persona política é o primeiro passo de uma comunicação eficiente. Antes de qualquer campanha bem-sucedida, existe uma boa escuta. E para escutar com estratégia, é preciso saber quem queremos atingir e como queremos ser percebidos. Este manual é um guia direto ao ponto para ajudar candidatos, mandatos e equipes de comunicação a definirem suas personas políticas e o tom de voz com que se expressam. Mais do que conceitos, aqui você vai encontrar caminhos práticos para aplicar imediatamente na pré-campanha e durante o mandato.
PARTE 1: CONSTRUÇÃO DA PERSONA POLÍTICA
A construção de persona política é a representatividade simbólica do candidato. Trata-se de como ele é percebido nas redes, nas ruas, no palanque e nas entrevistas. Ela deve sintetizar sua essência, seus diferenciais e sua promessa política de forma clara e coerente.
Etapas para criar a persona política:
- Identidade núcleo
- Qual é a essência do candidato? (ex: empático, gestor, combativo, professoral)
- Qual a narrativa central da sua história? (ex: filho da cidade, defensor dos humildes, técnico eficiente)
- Tripé simbólico
- Mítico: qual arquétipo base representa o candidato? (ex: herói, cuidador, outsider, guardião)
- Métrico: quais são suas realizações, formação, mandatos anteriores e resultados mensuráveis?
- Mântrico: que jargões e bordões podem ser repetidos para reforçar sua identidade? (ex: “comigo é diferente”, “mão na massa”, “trabalho e verdade”)
- Estilo visual e comportamental
- Defina cores, roupas, gestos, emojis permitidos.
- Estabeleça a postura desejada nos debates: institucional, combativo, emocional ou conciliador?
- Tom emocional predominante
- A construção de persona política exige escolher uma emoção principal: esperança, raiva, orgulho, empatia ou segurança?
- Diferencial competitivo
- Por que os eleitores devem confiar nele? Qual atributo o diferencia de seus concorrentes?
- Consistência com a biografia
- A persona política não deve ser fabricada do zero, mas construída com base na verdade do candidato. Toda estratégia bem-sucedida nasce da coerência.

PARTE 2: CONSTRUÇÃO DAS PERSONAS ELEITORAIS
Não se fala igual com todo mundo. A construção de persona política inclui também conhecer as diferentes personas eleitorais. A comunicação política precisa se adaptar à realidade dos eleitores. Por isso, identificar e mapear os públicos de interesse é uma tarefa obrigatória.
Modelo de identificação:
- Mapeamento de grupos sociais prioritários
- População rural e produtores familiares
- Trabalhadores da indústria e do comércio
- Mulheres mães, especialmente chefes de família
- Evangélicos e católicos atuantes
- Jovens universitários ou em início de carreira
- Eleitores focados em segurança, educação ou saúde
- Ficha técnica de cada persona
- Nome fictício e idade
- Ocupação ou contexto de vida
- Sonhos e dores principais
- Redes sociais mais utilizadas
- Influenciadores e fontes de informação
- Estilo de linguagem mais eficaz para convencimento
Exemplos práticos:
- Nome: José, 58 anos
- Perfil: produtor rural de pequena escala
- Dores: falta de estradas, medo da violência rural
- Sonho: que os filhos permaneçam no campo com qualidade de vida
- Redes sociais: WhatsApp e Facebook
- Tom ideal: direto, simples, empático, com vocabulário popular
- Nome: Camila, 34 anos
- Perfil: professora da rede pública, mãe solo
- Dores: educação defasada, ausência de políticas públicas para creches
- Sonho: criar o filho com segurança e estabilidade
- Redes sociais: Instagram e YouTube
- Tom ideal: inspirador, combativo e propositivo, com vocabulário progressista
Com essas personas eleitorais bem delineadas, você consegue personalizar anúncios, falas em eventos, vídeos para redes sociais e até visitas de porta em porta.

PARTE 3: DEFINIÇÃO DO TOM DE VOZ POLÍTICO
O tom de voz é o jeito de falar do candidato. A forma como se comunica — com palavras, expressões, posturas e até emojis — influencia a conexão com o eleitor. A construção de persona política deve ser acompanhada de um tom de voz coerente e bem planejado.
Passo a passo para definir:
- Determine a voz emocional ou racional
- Seu candidato fala como quem consola, como quem resolve ou como quem ensina?
- Decida entre formalidade ou proximidade
- Ex: “Vamos juntos mudar nossa cidade” transmite proximidade. Já “Convidamos a população a participar do projeto” é mais institucional.
- Defina expressões recorrentes e jargões regionais
- Use o vocabulário popular da região: isso gera identificação.
- Ex: “acordar cedo”, “ralar pra vencer”, “pôr comida na mesa”.
- Emojis e signos digitais
- Emojis reforçam empatia e afeto. Mas devem seguir a lógica da persona. Não exagere.
- Exemplos de uso estratégico: 😃 (empatia), 🏡 (cuidado com a cidade), 🌾 (campo), 📈 (gestão eficiente).
- Checklist para manter consistência em toda comunicação
- Toda peça deve:
- Reforçar a identidade simbólica do candidato
- Conectar com pelo menos uma persona eleitoral
- Manter o tom de voz previamente definido
- Evitar contradições entre o que é dito na rede e na rua
- Toda peça deve:
- Adapte o tom conforme a plataforma
- Stories exigem leveza e espontaneidade
- Reels e vídeos curtos pedem impacto e ritmo
- Textos para site e discursos podem ser mais elaborados, mas sempre com clareza

CONCLUSÃO
Construção de persona política não é fantasia. É estratégia. O eleitor precisa reconhecer quem é o candidato, identificar seus valores e sentir que aquela proposta política dialoga com sua realidade. Quanto mais afinado o tom de voz com os diferentes públicos, mais forte é a conexão e maior a confiança gerada.
Portanto, não subestime esse processo. Se você ainda não desenhou suas personas e seu tom de voz, comece agora. Essa é a base de toda comunicação de impacto — seja no mandato, na pré-campanha ou na hora do voto.