“Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita em seu tempo.” Provérbios 25:11-13
A sabedoria de Salomão, dita há milênios, ressoa ainda hoje, especialmente no cenário político atual, onde as palavras têm o poder de moldar destinos. Para 2026 os eleitores não buscam apenas propostas. Eles anseiam por um discurso que ressoe com suas emoções, que seja genuíno e que se transforme em ação. A comunicação política tornou-se uma arte refinada, e o copywriting, mais do que uma técnica, é a chave para conquistar o coração do eleitor.
Como as palavras transformaram o cenário político
A história nos ensina que campanhas marcantes têm sempre algo em comum: uma comunicação estratégica e bem elaborada. Exemplos históricos mostram como uma boa copy pode mudar o rumo de uma eleição e até a história de um país:
“Sou o povo” – Lula (2002)
A campanha de 2002 de Lula, idealizada por Duda Mendonça, não era apenas sobre propostas, mas sobre pertencimento. O slogan “Sou o povo” representava uma promessa de identificação e representatividade, posicionando Lula como alguém que falava a língua das pessoas. A lição aqui? Autenticidade gera confiança. Quando o eleitor vê que você realmente entende sua realidade, a barreira entre político e eleitor desaparece.
“Yes, we can” – Barack Obama (2008)
Obama chegou à Casa Branca com um slogan simples, mas de imenso poder. “Yes, we can” (Sim, nós podemos) não era apenas um apelo; era um convite para uma revolução coletiva, uma mensagem de esperança e ação. Ele inspirava mais do que propunha: criava um movimento. A lição? Uma frase bem escolhida pode unir milhões e transformar desejos em conquistas tangíveis.
“Muda Brasil!” – Jair Bolsonaro (2018)
Em 2018, Bolsonaro captou um sentimento de frustração generalizada com a política tradicional. Seu slogan direto e sem rodeios ressoava com um país cansado de promessas vazias. A lição? Entender e refletir a dor do eleitor pode gerar uma conexão instantânea, tornando-se um poderoso catalisador para a mudança.
A Fórmula AIDA: a estrutura mágica da persuasão
Uma das fórmulas mais eficazes de copywriting na política é a AIDA (Atenção, Interesse, Desejo e Ação). Simples, mas poderosa, ela oferece uma estrutura que, quando aplicada corretamente, pode criar mensagens irresistíveis e cativantes.
Atenção
A primeira etapa é capturar a atenção do eleitor. Em um mundo saturado de informações, se a mensagem não se destacar, será ignorada. Isso pode ser feito apelando para uma emoção coletiva ou uma frustração comum. Exemplo:
“Cansado de promessas vazias? Chegou a hora da verdadeira mudança.”
Essa frase interrompe o fluxo do cotidiano e faz o eleitor refletir sobre a sua realidade.
Interesse
Após captar a atenção, é hora de despertar o interesse. O eleitor precisa entender o que pode ser feito para mudar a situação. A mensagem precisa ser prática e realista. Exemplo:
“Vamos investir em saúde, educação e segurança, com ações concretas para transformar o seu dia a dia.”
Aqui, não se fala de um futuro abstrato, mas de um plano de ação claro e viável.
Desejo
Agora, é o momento de gerar desejo. O eleitor deve visualizar um futuro melhor, um futuro que só será possível se ele fizer parte da mudança. Exemplo:
“Imagine um Brasil onde todas as crianças tenham acesso a uma educação de qualidade, onde a saúde seja para todos.”
Neste ponto, o eleitor começa a se imaginar nesse novo cenário, criando uma conexão emocional com a proposta.
Ação
A última etapa é a ação: o eleitor precisa saber o que fazer em seguida. O apelo precisa ser direto e claro. Exemplo:
“Junte-se a nós e faça a mudança acontecer. O momento de agir é agora!”
Aqui, a chamada à ação é irresistível, conduzindo o eleitor de forma clara para o próximo passo: votar.
O poder do storytelling na política
No universo político, o storytelling é mais do que uma técnica de persuasão – é uma ferramenta para construir uma narrativa que conecta emocionalmente o eleitor ao candidato. Se as palavras podem convencer, as histórias podem envolver. Obama, por exemplo, não vendia apenas uma visão de futuro, mas convidava os eleitores a serem protagonistas desse novo capítulo. Lula, por sua vez, se posicionou como um homem do povo, alguém que compreendia suas lutas e aspirações.
Como aprendi com Leandro Aguiari, em minha formação como Estrategista de Narrativas, a política é uma história que se constrói todos os dias. A campanha não é sobre o candidato ou suas propostas; é sobre a narrativa coletiva que ele cria, onde o eleitor se vê como parte de um movimento maior.
Conclusão: Palavras, Histórias e Conexões – o caminho para o respeito do eleitor
Em 2026, a política não será só sobre o que você promete. Será sobre a história que você conta e, mais importante, sobre como você faz o eleitor se sentir parte dessa história. Não se trata apenas de ganhar votos, mas de construir uma relação de confiança, respeito e entendimento mútuo. Como Salomão nos ensinou, palavras bem ditas podem transformar destinos. No cenário político atual, isso nunca foi tão verdadeiro.
Se você está em campanha ou já ocupa um cargo político, lembre-se: a comunicação não é só uma ferramenta – ela é a ponte que conecta o candidato ao eleitor. E, como toda boa história, as palavras que você escolhe irão determinar se seu enredo será lembrado ou esquecido.
Por fim, um último conselho: se você ainda acredita que um bom carisma e improvisação são suficientes, repense. Mesmo os maiores políticos do mundo sabem que uma boa estratégia de comunicação pode ser a diferença entre ser eleito ou ser esquecido. Então, na próxima vez que se comunicar com o eleitor, lembre-se: você não está apenas falando com ele – você está criando uma história onde ele é o protagonista.
Como sei disso?
Com mais de seis anos de experiência em copywriting político, sou formado em Ciência Política e especialista em Comunicação Eleitoral e Marketing Político, Comunicação Política no Setor Público. Ao longo da minha trajetória, tive o privilégio de ser orientado por dois dos maiores nomes do setor, como Paulo Maccedo e Ícaro de Carvalho, ”os gigantes da copy no Brasil”, além de minha formação como Estrategista de Narrativas. Essa experiência me proporcionou uma compreensão profunda de como as palavras, quando bem escolhidas, podem criar uma conexão genuína entre políticos e eleitores, transformando propostas em movimentos e, em última instância, em votos.
OS ARTIGOS PUBLICADOS PELOS COLUNISTAS SÃO DE RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DE SEUS AUTORES E NÃO REPRESENTAM AS IDEIAS OU OPINIÕES DA REPÚBLICA MARKETING POLÍTICO.