Em todas as eleições há apenas um vencedor. Os outros candidatos são derrotados. A maioria perdeu. Quem é o culpado pela sua derrota eleitoral?
Raramente o perdedor analisa as causas da sua derrota. Mais frequentemente o perdedor distribui a culpa. O culpado é o outro partido, que ganhou. O culpado é o conjunto de meios de comunicação. Ou os marketólogos, assessores, militância ou quem sabe quem. Mas alguém tem que levar a grande parcela de culpa pela derrota eleitoral.
E quanto menos discute sua derrota, mais o jogo está caminhando para a próxima derrota. A música dos derrotados é uma canção triste, monótona e repetitiva.
O ABC do resultado eleitoral
Por que se ganha ou se perde? Em geral, porque não se compreende bem quem é o seu eleitor. E ponto.
É óbvio, mas esquecido. Em qualquer eleição ou resultado, há mérito do vencedor. Virtudes. E há erros nos derrotados. Sempre. Pensar de outra forma seria suicídio.
Os tempos mudam, as eleições, os derrotados e os vencedores também. Mas há um erro de comunicação política que insiste em todos os lugares. Um erro de análise que aparece com frequência em campanhas eleitorais por todo o país.
Quando os candidatos falam a minorias. E só para eles. Eis um dos grandes erros: a escolha errada do seu público alvo. Vamos utilizar uma analogia.
O professor distraído
Como professor universitário e palestrante muitos convites surgem para aulas, workshops ou seminários. São momentos importantes de troca de conhecimento, debate e aprofundamento das mais diferentes temáticas.
Todo profissional que lida com a docência em algum âmbito, deve pensar nos princípios básicos da “comunicação de ensino”. Qual é a primeira coisa que fazemos em uma sala de aula ou conferência? Certificar-se de que estamos falando para o público certo. Não estamos na sala errada, nem falando para um público diferente daquele previamente definido. Mas aqueles que de antemão frequentam a nossa classe ou palestra.
O nosso volume de voz é apropriado. E que lá no fundo da sala também somos ouvidos. Nosso vocabulário é decifrável. Que a partir de todos os ângulos a turma possa ver os slides apresentados.
Mas imagine um “professor desatento”. Tem um público de 40 pessoas, mas desde o início anuncia que fala apenas para 2. Aqueles 2 são os únicos a receberem seu olhar e sua relevância.
O professor desatento está em apuros. Para piorar o cenário, após a aula ou conferência o professor reclama do comportamento da maioria dos participantes. Que ninguém aprendeu nada, que os meninos não estudam, não lêem e bla bla bla.
Eis um professor desatento.
Qualquer mensagem política tem o seu destinatário
Se a comunicação política de um candidato é descoberta, é possível analisar para quem ele está falando. Porque os gestos políticos e a mensagem constroem a imagem do candidato, na percepção daquele a quem é destinada a comunicação.
É verdade que em uma campanha eleitoral que você não pode falar a todo o eleitorado (que seria como o professor que fala também para os vizinhos e até mesmo para todo o bairro). Mas uma coisa é a segmentação e outra é falar a uma minoria restrita e pequena.
Conversando apenas com a minoria, você permite que o adversário fale diretamente com a maioria e isso é claramente um suicídio político. Segmentação sim. Entretanto a totalidade dos destinatários da mensagem do candidato deve alcançar o número suficiente para atingir a meta eleitoral.
Muitas vezes a derrota em uma eleição não acontece no dia da votação, mas no dia em que traçamos nossa estratégia e definimos no público alvo.
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