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Profissionalização nas campanhas eleitorais é receita de sucesso

Microfone usado para gravar podcasts.

A profissionalização da equipe envolvida nas campanhas eleitorais é uma tendência que veio para ficar. Isso porque, muitas vezes, as pessoas que trabalhavam na campanha de um candidato não eram capacitadas para suas funções. 

“É importante para a democracia e é importante para o nosso mercado”, explica o especialista em marketing político, Darlan Campos.

Esse foi um dos temas da participação de Campos no Podcast ‘Extratégico’, apresentado pelo também consultor em marketing político, Paulo Ricardo Bomfim.

 

Profissionalização é caminho para enfrentar desafios

De acordo com Campos, a capacitação dos profissionais de três áreas são fundamentais rumo ao sucesso de uma campanha: direito eleitoral, contabilidade e consultoria em marketing político.

O profissional de direito eleitoral assessora juridicamente as estratégias da campanha, a fim de evitar punições que possam prejudicar o candidato — como ceder direito de resposta ao adversário. Durante as últimas eleições, por exemplo, era comum que os candidatos tomassem parte do espaço publicitário de um político para se defender de ofensas. Em casos mais graves de desrespeito à legislação, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pode até impugnar a candidatura do político.

Nesse sentido, o profissional de contabilidade é igualmente importante. Ele cuida da elaboração do orçamento, da gestão financeira e da prestação de contas da campanha. “Quanta gente ganha as eleições e não assume o mandato por erros no orçamento”, explica Darlan, referindo-se às possíveis sanções impostas pelos órgãos competentes. 

Por fim, o consultor de marketing político é responsável por criar e implementar estratégias de comunicação para a campanha, sem o olhar enviesado de quem está próximo do candidato.

Campos conta, ainda, que o meio digital permite uma profissionalização mínima para campanhas sem pessoal capacitado. Mas ele lembra que, embora o marketing digital seja uma ferramenta poderosa para impulsionar candidaturas políticas, não existe uma fórmula mágica para o sucesso. É necessário adaptar as estratégias de marketing digital considerando as particularidades do ambiente político.

 

Campanha se faz com pesquisa

As adaptações no contexto político eleitoral passam, também, pelo retorno das pesquisas de opinião pública. Elas são instrumento de validação de estratégias, mostrando se o discurso, meios e mensagem estão cumprindo seus objetivos ou não.

Mas e quando o candidato não aceita os conselhos do consultor de marketing político, embasados pelas pesquisas? 

Campos cita exemplo: “Um caso interessante é de uma eleição de prefeito, onde a pesquisa mostrava que um deputado que o apoiava não tinha boa imagem na cidade.” Segundo o especialista, a estratégia adotada neste caso foi intensificar os programas de TV, evitando a aparição pública do deputado. 

No entanto, o parlamentar questionou a confiabilidade da pesquisa e decidiu ignorar a estratégia do consultor. “O deputado ficou tão revoltado com a pesquisa que quis aparecer em todos os comícios e programas de TV. O resultado final foi que o candidato saiu do primeiro lugar e ficou em quarto em 25 dias”, conta Darlan.

Esse exemplo mostra que a pesquisa é fundamental no processo eleitoral. Ignorá-la pode levar a campanhas baseadas em opiniões pessoais e sem contato com a realidade.

 

Polarização política ainda pautará as próximas eleições  

Os especialistas Darlan Campos e Bomfim conversaram, também, sobre os cenários que estão se desenhando para o futuro da política brasileira. Fenômeno nas últimas campanhas, especialmente de de 2022, a polarização ainda estará presente nas próximas eleições.

Para entender melhor a situação, é importante lembrar que a polarização sempre existiu no Brasil. “O que aconteceu nas últimas eleições foi que essa polarização encontrou dois personagens de grande conexão popular: Lula e Bolsonaro”, diz Darlan Campos.

Na eleição de 2026, é possível que haja um novo candidato representando os valores da direita no segundo turno, bem como um candidato representando os valores da esquerda. A conjuntura do momento irá dizer se essa eleição será de continuidade ou de mudança.

Em relação ao centro político, é importante destacar que ele ainda não tem uma base consolidada. Muitos eleitores votam em um dos campos políticos para evitar que o outro vença, como aconteceu nas últimas eleições. Para o especialista, isso significa que o eleitorado de centro ainda não têm uma narrativa e mensagem claras para seguir. 

Ele explica que as eleições municipais, por sua vez, costumam ser menos ideológicas, pois os problemas enfrentados pelos municípios são mais locais. No entanto, nas grandes cidades, é comum haver polarização entre candidatos da esquerda e da direita.

Em relação ao futuro da esquerda, Darlan defende que passará pelo sucesso ou fracasso do atual governo. Já no caso da direita, ele nota que o campo conservador se consolidou no país.

 

Representação feminina na política ainda é desafio

A desigualdade de gênero é uma realidade presente em todos os segmentos da sociedade, e a política não é exceção. Neste sentido, as últimas primeiras damas, Michelle e Janja, conquistaram grande capital político. Como ele será aproveitado nas próximas eleições?

No Brasil, a presença de mulheres em cargos representativos é baixa, ainda que elas sejam maioria na sociedade. Mesmo com o aumento da participação feminina em atividades políticas — as eleições de 2022 registraram o maior número de candidatas femininas — a situação está longe do ideal.

Diante disso, “dificilmente elas vão chegar, no curto prazo, à liderança principal de um projeto político”, explica o especialista.

No caso de Michelle Bolsonaro, diz Darlan, as características do perfil social de sua família, que tem forte apoio religioso, limitam as possibilidades de protagonismo político da primeira-dama. Já Janja Lula, por ser uma mulher com raízes na base ideológica do PT, pode ter uma perspectiva de liderança mais ampla.

 

Contrate uma consultoria em marketing político

O especialista conclui: “Por isso que o processo de consultoria é um trabalho personalizado. Porque às vezes o objetivo não é vencer as eleições, seja pela falta de condições, maturidade ou estrutura. Mas pode construir um capital político”.

De modo geral, ele ressalta que as pessoas com interesse em se candidatar nas próximas eleições já podem começar a pensar em estratégias de campanha agora.

Assista ao episódio completo do Podcast Extratégico no canal de Paulo Ricardo Bomfim. Ouça, ainda, a entrevista com Darlan Campos no RepúblicaCast, disponível aqui!

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