A pesquisa qualitativa utiliza técnicas e ferramentas específicas para avaliar a percepção dos participantes sobre um determinado tema. Diferentemente das abordagens quantitativas, nesse tipo de pesquisa, os participantes têm a liberdade de expressar suas opiniões sem as restrições impostas por métodos numéricos. Além disso, eles compartilham suas visões e argumentam entre si, criando um ambiente de “esfera” que possibilita ao pesquisador compreender não apenas as opiniões, mas também as razões e emoções subjacentes.
Essas técnicas permitem ao pesquisador estudar os participantes em sua interação mútua, analisando como vivem a realidade e como se relacionam uns com os outros. São ferramentas valiosas para obter uma compreensão profunda das motivações, comportamentos e graus de consenso que os participantes possuem em relação aos temas explorados.
Para aplicar essa abordagem, o pesquisador precisa possuir conhecimentos em diversas áreas, como psicologia, sociologia e antropologia. Além disso, é necessário ter experiência profissional na concepção e aplicação de estudos políticos qualitativos. É através dessas habilidades que o pesquisador pode interpretar a linguagem corporal e a intensidade emocional das opiniões expressas, a fim de enriquecer a compreensão dos resultados obtidos.
Entrevistas em profundidade na pesquisa qualitativa
Entrevistas em profundidade são aplicadas nas primeiras fases de todas as campanhas e pesquisas qualitativas. Esta ferramenta permite ter por escrito, ou registadas, as opiniões que os personagens-chave – formadores de opinião, especialistas ou figuras públicas – têm sobre o nosso candidato, as suas propostas, peças publicitárias e mensagens.
Sua metodologia consiste em uma entrevista semiestruturada, a partir da qual o pesquisador procura conhecer as associações – ideias, crenças, valores e imagens -, que determinado candidato, slogan, proposta, mensagem ou peça gráfica causam nos entrevistados. Sua aplicação requer um alto nível de especialização por parte do pesquisador, pois ele deve ser capaz de orientar a entrevista, sem induzir respostas, com vista a conhecer os pensamentos mais profundos que um candidato desperta no entrevistado, sua campanha, aliados, propostas e ações.
Público- alvo ou grupo focal na pesquisa qualitativa
Eles são usados para investigar todas as variáveis qualitativas que emergem das respostas das pessoas. São realizados em pequenos grupos, que podem ser formados por entre 8 e 10 pessoas, selecionadas por intenção de voto, nível socioeconômico, gênero, escolaridade, idade etc. Os grupos focais fornecem à campanha palavras-chave, que permitem reconhecer os temas que “devem” ser explorados na pesquisa quantitativa.
Por meio da organização de grupos focais também podemos avaliar o impacto e a eficácia dos diferentes produtos de comunicação que serão desenhados durante a campanha, tais como: spots de televisão ou vídeos, spots de rádio, peças gráficas, jingles, discursos do candidato etc.
Sua maior vantagem é que eles criam um “ambiente de esfera”, onde os participantes têm a possibilidade não apenas de expressar suas opiniões, mas de contrastá-los, argumentá-los e alimentá-los de volta. Com isso, obtêm-se resultados ricos em associações, reflexões, emoções, significados e simbolismos.
Os participantes devem ser selecionados aplicando diferentes filtros para que sejam os informantes ideais para o tema que queremos estudar. Dessa forma, podemos evitar que as informações sejam tendenciosas. Além disso, nos permite estudar diferentes grupos de eleitores, por exemplo: eleitores jovens, donas de casa, novos eleitores, aqueles que veem bem um candidato, aqueles que votam em outro, aqueles daquela classe social, aqueles de tal setor, e assim por diante.
- Os membros devem se reunir com um pesquisador experiente que conheça e domine técnicas para incentivar os participantes a fornecerem todas as informações necessárias para nossa campanha.
- É aconselhável usar diferentes jogos e técnicas de grupo. Por exemplo, pergunte aos participantes: Se meu candidato fosse um animal, que animal ele seria? Ou se meu candidato fosse fruto, que fruto seria? Ou se meu candidato fosse uma marca de veículo, que marca de veículo seria? Perguntas, todas elas, que nos ajudam a conhecer as imagens, valores e características com que o eleitorado associa o nosso candidato e os seus rivais. Eles também podem ser solicitados a desenhar o que sua cidade, estado ou país significa para eles, ou noções como democracia, pátria, família, lar e assim por diante.
- É fundamental que o pesquisador preste atenção à linguagem corporal e à intensidade das emoções. Por isso também é aconselhável registrá-las em vídeo e áudio, para que ele ou os pesquisadores possam analisar suas reações a um estímulo, cuidadosamente.
- É importante que o moderador tenha conhecimento de psicologia e que tenha experiência profissional específica em estudos políticos qualitativos, pois não é o mesmo que fazer estudos sobre produtos e serviços.
Você deve sempre ter em mente que os grupos focais não têm validade qualitativa. No entanto, isso não significa que eles não sejam apoiados por teorias e um método rigoroso de aplicação.
Os grupos focais, em particular, e os estudos qualitativos, em geral, são ferramentas de extrema valia, na medida em que não se limitam a registrar, contar e correlacionar as respostas de um formulário previamente estruturado. Pelo contrário, essas metodologias nos permitem conhecer em primeira mão as razões, crenças e sentimentos que levam o eleitorado a votar em determinada direção. Definitivamente, os resultados obtidos por meio deles têm uma densidade simbólica, impossível de ser alcançada por meio de estudos quantitativos.
Os tópicos de pesquisa qualitativa mais importantes
Em qualquer campanha política, devemos ser claros sobre quais são as questões que precisamos investigar para ter elementos suficientes para desenvolver uma estratégia e as táticas mais adequadas para comunicá-la. É por esta razão que em qualquer campanha é necessário investigar sobre:
- A situação política;
- Sentimento do eleitor;
- Como nosso candidato é percebido;
- Como nossos adversários são percebidos e avaliados;
- O real impacto dos “outros no palco”: figuras públicas, formadores de opinião, especialistas, aliados, poderes constituídos etc.
Alvos ou “públicos-alvo” na pesquisa qualitativa
A mensagem e o meio mais popular e adequado para a divulgá-la, e para conhecer as opiniões, pensamentos, sentimentos e associações do eleitorado.
Os consultores políticos profissionais devem ter as habilidades, a visão, o conhecimento e a formação necessários para fornecer ao candidato as ferramentas mais adequadas para se comunicar com os eleitores. No entanto, para embasar suas propostas, é preciso ter um conhecimento rico das características do cenário em que ocorrerá a disputa eleitoral. Pesquisas quantitativas e qualitativas são ideais para isso.
Em qualquer campanha eleitoral é essencial ter informações precisas, a combinação dos resultados obtidos através de estudos quantitativos e qualitativos permite que estrategistas, equipes de campanha e candidatos tenham informações sobre:
- O número de eleitores que realmente participará da disputa;
- Qual é sua opinião sobre candidatos e campanhas;
- Quais são os argumentos, crenças, ideias, imagens ou associações em que baseiam suas avaliações e opiniões;
As tendências, opiniões, raciocínios, afetos, interesses e percepções dos cidadãos.
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