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O tabuleiro político brasileiro pós-eleição 2024

Tabuleiro político nas eleições 2024

As eleições municipais de 2024 lançaram novas luzes sobre o comportamento do eleitorado e as dinâmicas de poder no Brasil. Este pleito trouxe mais evidências da força de partidos de centro e direita, enquanto ressaltou as dificuldades da esquerda em ampliar sua presença no cenário local.

Entretanto, não podemos esquecer de duas realidades: historicamente, eleições municipais têm demonstrado uma tendência de fortalecimento do centro político, e em 2024 não foi diferente. Outro ponto, é importante lembrar que o desempenho municipal não se traduz diretamente em projeções para eleições gerais, mas serve como um termômetro da percepção social predominante. Talvez para as eleições proporcionais, sim, mas as majoritárias, não.

Centro e Direita: A Consolidação da Força

Os partidos de centro e direita lideraram amplamente em número de prefeituras conquistadas. O PSD, com Gilberto Kassab à frente, foi o principal destaque, se tornando a legenda mais bem-sucedida em termos de articulação política e gestão de alianças. MDB e PP também avançaram, consolidando seu papel como partidos regionais de grande peso.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, emergiu como uma figura central nas eleições, especialmente ao apoiar Ricardo Nunes (MDB) na capital paulista. Sua habilidade política reforçou sua posição como uma das maiores lideranças da direita no cenário nacional.

Governadores como Eduardo Leite (RS) e Ronaldo Caiado (GO) também desempenharam papéis importantes, fortalecendo suas bases locais ao liderarem articulações bem-sucedidas. 

Em termos de prefeituras conquistadas, o PSD liderou com 891, seguido por MDB (864) e PP (752). Outros partidos, como União Brasil (591) e PL (517), também tiveram desempenhos significativos. Em contraste, o PT e o PDT enfrentaram desafios, com 252 e 151 prefeituras, respectivamente.

Os Desafios da Esquerda

Enquanto o centro e a direita comemoraram vitórias significativas, a esquerda brasileira enfrentou dificuldades em 2024. Dos 51 maiores municípios, apenas quatro elegeram prefeitos de partidos alinhados à esquerda no primeiro turno. Embora tenha havido um leve crescimento no segundo turno, os números não foram suficientes para reverter a percepção de retração.

O principal problema da esquerda foi sua dificuldade em traduzir agendas nacionais para demandas locais. Questões como segurança, saúde e infraestrutura dominaram o debate eleitoral, mas partidos como o PT e o PSOL não conseguiram conectar essas pautas às suas campanhas, especialmente em regiões mais conservadoras ou interioranas.

A Continuidade: O Peso da Reeleição e das Emendas Parlamentares

Um dos pontos mais marcantes destas eleições foi a alta taxa de reeleição: 81% dos prefeitos que disputaram a continuidade em seus cargos foram reconduzidos. Esse dado reflete o desejo dos eleitores por estabilidade e gestão eficiente. Além disso, o aumento das emendas parlamentares destinadas a municípios fortaleceu os prefeitos durante seus mandatos, permitindo que realizassem obras e investimentos estratégicos que garantiram o apoio popular.

Espírito Santo: Um Espelho da Tendência Nacional

No Espírito Santo, o PSB, liderado por Renato Casagrande, se consolidou como o partido mais forte, conquistando 21 prefeituras. A estratégia do PSB priorizou articulações locais que garantiram avanços tanto em grandes centros quanto em cidades menores.

Outros partidos, como PP e Podemos, também ganharam destaque, com 12 e 11 prefeituras, respectivamente. Por outro lado, o MDB perdeu força, reduzindo seu número de prefeituras de 11 para 6.

Região Metropolitana: Reeleições Expressivas e a Mudança na Continuidade

Nas maiores cidades capixabas, prefeitos bem avaliados foram reeleitos com margens significativas. Em Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos) conquistou 79% dos votos. Em Cariacica, Euclério Sampaio (MDB) alcançou 88,41%. Na capital, Lorenzo Pazolini (Republicanos) garantiu sua continuidade com 56,22%.

Na Serra, Sérgio Vidigal (PDT) decidiu não buscar a reeleição, mas assegurou a continuidade de seu grupo político ao apoiar Weverson Meireles (PDT), que venceu com 60,2%. Esse movimento reforçou a força estratégica do PDT no município.

O Que Esperar

As eleições municipais de 2024 no Brasil e no Espírito Santo consolidaram o centro e a direita como forças predominantes, demonstrando que o eleitorado valorizou, nesse momento, estabilidade e resultados concretos. O desafio para partidos de esquerda será se reinventar, conectando-se mais diretamente com as demandas locais.

O futuro dependerá da capacidade das lideranças de manterem a confiança do eleitorado, enquanto se preparam para os desafios de um cenário político em constante transformação.

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