Antes de falarmos sobre mobilizar eleitores, vamos entender o que é comunicação política. Não podemos nos limitar a pensar na comunicação política como a simples análise da mensagem. A comunicação política é, de maneira bem reduzida, a produção, a difusão e o fortalecimento de símbolos e marcas políticas.
O comunicador político deve lidar com todo o contexto de interação social, constitucional e simbólico que uma campanha ou mandato exige. É fundamental ter um olhar apurado, capaz de analisar a fundo a conjuntura.
Como se dá a comunicação política?
Pensando nas partes do processo, para que haja uma comunicação efetiva, precisamos dos seguintes componentes: emissor, mensagem, meio e receptor.
O Emissor é, obviamente, o candidato. Mas é possível que seja um assessor, o coordenador da campanha ou alguém com a devida autorização para ser o porta-voz do candidato e/ou partido.
A mensagem é todo tipo de símbolo e representação comunicativa, verbal ou não verbal, que é dirigida ao eleitor. Seja de forma direta ou através dos meios de comunicação. A mensagem é tudo o que o candidato comunica, de forma intencional ou não.
O meio é o suporte físico de comunicação. Este pode ser midiático, na sociedade atual as redes sociais são os principais suportes de comunicação. Entretanto, um simples encontro casual com um eleitor em potencial é um meio de comunicação direta (e importante).
O receptor é todo aquele que recebe a mensagem em questão. No nosso caso, os eleitores.
Durante uma campanha eleitoral é preciso pensar na diluição da mensagem, ou, segmentação. Há, certamente, uma ideia central, a mais importante, o cerne da campanha. Mas ela não deve ser direcionada a todos e, em todos, os meios de comunicação.
É preciso cautela e muito estudo, para, então, definirmos quais segmentos de mensagem serão transmitidos e para quais públicos. Dessa forma, evitamos ruídos na comunicação e/ou esforços desnecessários.
A mesma lógica se aplica no sentido inverso. Quando recebemos um feedback do eleitor é preciso segmentar. De onde vem esse feedback? É de um grupo apoiador ou é da oposição. O que essa mensagem verdadeiramente me diz? Uma interpretação literal pode ser o fracasso de uma campanha.
Por onde começa a comunicação eleitoral?
A comunicação eleitoral demanda muito esforço, uma vez que é caracterizada pela leitura dos problemas públicos e a esquematização de possíveis soluções. Dirigir-se ao eleitorado sem entender suas dores é jogar palavras ao vento.
Por isso, o primeiro elemento da comunicação eleitoral é conhecer o eleitor. Somente com temas pertinentes e concretos o candidato conseguirá atenção. Não se deve perder de vista o foco da campanha: o eleitor.
Nesse período, vale incentivar o eleitorado a se envolver no processo. Por isso, outro agente na comunicação eleitoral é a mobilização. Tornar visível o compromisso que a população tem no processo democrático e cívico que todos devemos cumprir.
Não há melhor maneira de incentivar um eleitor do que dando a ele motivos para isso. A politização do indivíduo deveria ser um dever de todo agente político. E como motivar sem informar?
Portanto, o primeiro passo é a informação. É de direito do cidadão ser informado sobre a atual situação governamental, sobre as questões importantes e que lhes afetam direta ou indiretamente.
Lembrando que, mesmo em caráter informativo, a comunicação deve ser segmentada. Esta deve ser suficiente para gerar no âmago do eleitor vontade de participar do processo democrático da eleição de forma ativa e consciente, mas nunca expondo ideologias partidárias neste primeiro momento. O intuito aqui é causar a simpatia do eleitor para com o processo eleitoral.
Como mobilizar o eleitor?
O próximo passo é a mobilização propriamente dita. Uma vez consolidada a vontade de participar e se envolver ativamente no processo eleitoral, o cidadão, geralmente, começa a pesquisar quais são os candidatos ideologicamente compatíveis consigo.
É nesse momento que a mobilização começa a se afunilar. Onde a mensagem é mais direcionada e dotada de uma pitada ideológica, aqui o eleitor em potencial está aberto para ouvir a proposta do candidato de maneira mais receptiva, afinal, seus princípios e valores convergem com os do político.
A exposição seletiva da comunicação política não deve ser negligenciada, pois as pessoas têm uma série de predisposições e interesses que elas não querem que sejam questionados.
Ademais, elas tendem a receber apenas as mensagens que estejam de acordo com a sua própria crença. E quando ela recebe certas informações ou mensagens que desafiam suas inclinações políticas, é natural, se proteger ou fugir da mensagem que questiona sua ideologia, ou, pior ainda, contra-atacar, refutando a mensagem inicial, causando um desconforto e trabalho desnecessário. Portanto, é muito mais inteligente direcionar a mensagem para quem já está inclinado ideologicamente à proposta eleitoral em questão.
Sendo assim, é prioridade reforçar o interesse dos convictos, incentivando-os a votar pelo candidato e pelo partido. Esses são os eleitores mais importantes, tanto aqueles que militam pelas suas convicções, quanto os que foram convertidos durante o mandato e/ou campanha. Reforçar essa convicção é a maneira mais assertiva de alcançar um bom resultado nas urnas.
Entretanto, é importante continuar alimentando o target geral, em especial o eleitor indeciso. Por isso as informações de interesse coletivo precisam continuar existindo. Os indecisos são as pessoas que não tem uma atitude firme e são alvo da persuasão partidária. Não se trata, no entanto, de mudar uma atitude ou ideologia anterior. Neste caso, estamos criando uma simpatia por algo até então inexistente.
Os efeitos da mobilização e da informação direcionada são extremamente importantes nos processos eleitorais, sendo capazes, inclusive, de modificar preferências partidárias.
É exatamente por isso que não se deve negligenciar a comunicação política em campanhas. Ela pode, junto com outras ferramentas, mudar o curso dos resultados.
Seja através da motivação emocional – onde a principal ferramenta é a estima da população por um grupo social, ou, princípios e valores –, seja pela mobilização instrumental. Onde, neste segundo caso, o convencimento se dá pela percepção individual da importância daquele voto (voto estratégico, útil).
O que importa, de fato, é que a comunicação política é uma das ferramentas de conversão de votos mais eficazes que temos à nossa disposição.
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