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Desafios e possibilidades da inteligência artificial no marketing político

A inteligência artificial (ou IA) veio para ficar. Cabe aos profissionais de marketing político adaptarem seu trabalho e otimizá-lo com a ajuda das novas ferramentas. Nesse sentido, os desafios e possibilidades do uso dessa tecnologia são inúmeros, e ainda há muito para se explorar.

No campo da criação de conteúdo político e eleitoral, a inteligência artificial pode inspirar jingles, slogans, posts, discursos, vídeos de campanha, entre outros. Além disso, ela pode ser utilizada para tratar dados do eleitorado e responder usuários nas redes sociais. 

Saiba como!

Testamos três ferramentas de inteligência artificial e suas possibilidades no âmbito do marketing político.

 

1) ChatGPT

Essa é a ferramenta IA mais conhecida da lista. Sua capacidade é tão impressionante que assusta os profissionais que trabalham com produção de textos, como jornalistas e redatores. Dessa forma, ignorar o potencial do ChatGPT é se apegar ao passado. Nada substitui a criatividade e a ética humanas, mas essa tecnologia pode otimizar e inspirar a produção de novos conteúdos (quem nunca teve um bloqueio que atire a primeira pedra).

Neste contexto, aqui vai uma observação importante: os profissionais de comunicação SEMPRE serão essenciais em uma equipe de marketing político. Não caia no erro de substituir a sensibilidade humana por um robô.

 

O que é o ChatGPT?

O ChatGPT é um modelo gratuito de inteligência artificial para produção de textos, alimentado a partir da vastidão de conteúdos encontrados na internet. Mas é preciso tomar cuidado, porque ele não é 100% preciso. Quer um exemplo prático? Perguntamos à ferramenta quem venceu as eleições de 2022. Veja o resultado:

 

Captura de tela do ChatGTP

 

Assim, no contexto de uma campanha política, que é sempre pautada na atualidade, usar APENAS essa plataforma para criar conteúdos textuais é um erro. Esse é mais um motivo para não dispensar a equipe no trabalho da sua comunicação.

Para citar mais exemplos, uma reportagem do UOL perguntou ao ChatGPT qual é a frase mais famosa de “Macbeth”, obra de Shakespeare, e a resposta foi “ser ou não ser, eis a questão”. Na verdade, embora a plataforma tenha acertado o autor, esse é um trecho de “Hamlet”.

Outro caso, que pode destruir reputações, veio da Austrália, quando a tecnologia falsamente apontou um prefeito como culpado em um escândalo de suborno, que aconteceu no início dos anos 2000. Ele nunca foi acusado judicialmente pelo crime. Na verdade, o prefeito foi quem denunciou o esquema de suborno às autoridades. Por fim, ele ameaçou processar a plataforma por difamação.

Já imaginou se esse erro acontecesse aqui, no Brasil? Durante o período eleitoral, falsamente acusar o adversário de um crime pode render até a cassação da candidatura. No mínimo, vale direito de resposta e multa. 

 

Como usar o ChatGPT?

Em conclusão, o ChatGPT pode não ser bem preciso, mas ainda é muito útil para inspirar criadores de conteúdo. Testamos a ferramenta para produzir peças importantes em campanhas políticas e eleitorais. Veja:

 

Captura de tela do ChatGTP

 

Captura de tela do ChatGTP

 

Captura de tela do ChatGTP

 

2) Dall-E

Essa tecnologia de inteligência artificial cria imagens únicas a partir de uma descrição de texto. Mas assim como o ChatGPT, o Dall-E não pode tomar o lugar de designers e outros profissionais de arte em uma campanha política. Sua maior utilidade é para inspirar os artistas.

É importante ressaltar que a plataforma proíbe a criação de imagens com políticos, para não atrapalhar o processo eleitoral. Por exemplo, tentamos pesquisar “Bolsonaro comendo um pombo” e o Dall-E não retornou o resultado. Também tentamos “Lula comendo um pombo”. Dessa vez, a ferramenta respondeu com a foto de um pombo comendo lula (o animal). Nada relacionado com o político brasileiro. Ela também veda o uso de outras palavras ligadas a pornografia e violência.

 

Quais são os desafios do Dall-E?

Apesar dessa política de segurança, o Dall-E ainda pode gerar resultados perigosos a partir de sinônimos visuais. E se trocássemos a palavra “sangue” por “líquido vermelho”? Buscamos “mãos sujas de sangue” e recebemos fotos de mãos sujas com uma tinta azul, outra com tinta branca e uma última com uma tinta amarela. Já na pesquisa por “mãos sujas de um líquido vermelho”, a plataforma entregou resultados que podem parecer violentos.

 

Imagem gerada por inteligência artificial mostra duas mãos segurando uma xícara de café
Dall-E não mostra sangue, mas a busca por “líquido vermelho” resulta em sinônimo visual

 

Em outro contexto, apesar da plataforma não apontar resultados a partir da inserção de nomes de políticos, ela ainda pode criar cenários inexistentes, com vista a prejudicar um candidato. Esse é um desafio que deve ser enfrentado pelas equipes dos políticos e pela sociedade como um todo, a fim de defender a democracia. Por exemplo, ela pode gerar a imagem de uma multidão com camiseta vermelha, ou com roupas do Brasil, para corroborar com fake news.

Neste sentido, as campanhas devem estar ainda mais preparadas para desmentir mentiras. Mesmo que, agora, estejam acompanhadas por uma imagem falsa.

 

3) Chatbots e tratamento de dados

A inteligência artificial também já pode ser aplicada, no marketing político, para se relacionar com o eleitorado nas redes sociais. Por meio dos chatbots, programas de gestão de respostas, as campanhas podem economizar tempo e destinar esforços para outras ações. 

Seja fora ou durante o período das eleições, manter uma estratégia eficaz de comunicação com o público é fundamental. Com essa tecnologia, é possível fornecer informações atualizadas em tempo real aos usuários, o que pode ajudar a aumentar a confiança dos eleitores no político. 

Outro benefício do uso de chatbots é que esses programas podem coletar dados sobre os eleitores. Dessa forma, é possível identificar suas preocupações, opiniões e preferências políticas, permitindo que o político conheça cada vez mais seu público.

 

Como segmentar o eleitorado com o apoio da IA?

Por fim, a segmentação do eleitorado é de fundamental importância nas estratégias de marketing político. Esses dados permitem que as ações de comunicação sejam voltadas para a parcela da sociedade com mais chances de votar no candidato.

Nesse sentido, as ferramentas de tratamento de dados otimizam e melhoram a categorização do público. Mas é preciso tomar cuidado: as campanhas devem estar em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). No futuro, a tendência é que o eleitorado seja cada vez mais segmentado, e as peças de comunicação política sejam ainda mais únicas.

Tudo isso, claro, com o apoio da inteligência artificial.

E você, vai aplicá-la na sua estratégia de marketing político? Estude as possibilidades e desafios e descubra as ferramentas mais eficazes para a sua campanha. Comece já!

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