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Equipe política: qual é o melhor critério para montar uma “poderosa”?

Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá acompanhado.

Essa é uma expressão muito comum no meio empresarial, mas na política ela ganha um tom mais dramático do que o normal.

No segmento empresarial você até consegue chegar a alguns lugares de destaque sozinho, dependendo do seu nicho. Na política, é quase impossível você dar um passo que seja sem o material humano, imprescindível em dois níveis fundamentais: sua equipe política interna e os líderes mobilizadores.

Antes da liderança mobilizadora, temos o pilar fundamental para a sustentação de TUDO que o político tem potencial para fazer e ser.

Costumo dizer que a equipe política é a raiz de todo “bem” e de todo “mal”. Base fundamental para fazer florescer a imagem do político, organizar e manter sua liderança produtiva. A diferenciação dos adversários começa na equipe política interna. Assunto muito negligenciado, porém de extrema importância!

Já vi políticos entrarem e saírem sem nem serem notados, com mandatos inexpressivos, por falta de proatividade da equipe política. Já vi políticos perderem TREMENDAS oportunidades, que não voltaram, por falta de visão da equipe. Já vi políticos produzirem munição contra si próprios por causa de uma equipe política despreparada.

Como o tempo na política passa de maneira diferente do meio empresarial, onde as coisas não feitas hoje podem ficar para amanhã. Na política, “o amanhã” mudou tudo e a oportunidade de ontem já não faz mais sentido hoje, tornando o trabalho cada vez mais estratégico.

O que mais ouvimos quando nos apresentamos como consultores políticos é: “MAS AQUI É DIFERENTE!” e, depois, “FAZ POST NAS REDES SOCIAIS?” 

A primeira nem vou comentar nesta oportunidade. Já a segunda, é a prioridade na cabeça de 8 entre 10 políticos em mandato ou campanha. Os últimos anos acabaram dando uma impressão errada em todos que NÃO vivem a política de forma científica e técnica.

Não digo apenas saber: o melhor uso do tempo, não é começar a se movimentar apenas no ano eleitoral. Sem estratégia não se chega a lugar nenhum. As estratégias são construções que demandam o mínimo de estrutura. Mas, a internet e as redes sociais viraram prioridade no grau de importância na cabeça dos políticos por todo o país.

Claro que não se vive sem a internet! Óbvio que tem que ter um digital forte e atualizado. O ponto aqui é outro, por que temos exemplos de deputados federais que se reelegeram com suas redes sociais interditadas pela justiça e outros parlamentares com o digital super pujante e mesmo assim perderam uma média de 30 a 60% de votos? 

Existem vários elementos para justificar a resposta a essa questão, porém nenhuma costuma ser, “minha equipe política”. Sendo que qualquer outra alternativa de ação para a diferenciação como, trabalhar melhor a assessoria de imprensa, ou a mobilização, ou os direcionamentos políticos, ou qualquer outra coisa, depende da equipe primária. 

Toda e qualquer solução será, no mínimo, operacionalizada pela equipe. A responsabilidade da equipe política de um gabinete é muito grande, uma decisão errada no digital, mancha a imagem. Uma articulação mal feita, afasta líderes e os grupos de replicadores da sua mensagem e você perde capilaridade na sociedade.

De quem é a responsabilidade então? Quem deve se preocupar com a qualidade de uma equipe de gabinete e comitê? 

Digo que essa responsabilidade é pessoal e intransferível do próprio político. Não adianta delegar essa primeira parte, porque a partir das primeiras e mais importantes contratações, será criada a famosa CULTURA ORGANIZACIONAL! 

Na maioria das vezes o próprio político inicia uma cultura muito ruim dentro de seu núcleo estrutural principal, sem perceber. Por hábito do segmento, chamam-se pessoas próximas e sem conhecimentos, habilidade e atitudes para formar uma equipe política. O único critério é o da proximidade, ou do menor custo, por que é um amigo ou estagiário.

Quando chega ao mandato, as coisas pioram. De alguma forma encaixa pessoas que auxiliaram na campanha em alguma função. É o mesmo que ter a necessidade de percorrer dois trechos para chegar a um destino.

O primeiro – a campanha – você vai de carro. E o segundo – mandato – você PRECISA ir de avião. Quando você trás aquela equipe improvisada da campanha para algum lugar no mandato, é como se você tentasse fazer um carro voar. Isso não vai acontecer, para trechos na jornada onde você precisa voar por cima de um oceano, você não vai conseguir ir de carro.

Estou falando para pessoas que não tem condição de entregar algo que ela não se preparou teoricamente e nem tem o mínimo de experiência para tal. Muitos perguntam: “Mas o que fazer então?”

 

Dica para lidar com equipes

 

Tem uma técnica para relações interpessoais, muito valiosa que pode ser empregada nestes momentos, que se chama ALINHAMENTO DE EXPECTATIVA. Parece algo simples, mas acredite, não é, 95% não fazem.

Trata-se de deixar muito claro, para quem quer que seja, as necessidades do momento e o que acontecerá no caso de vitória ou derrota. Isso inclui dizer com todas as palavras, que em caso de vitória, a pessoa não será aproveitada nesta mesma função.

O que acontece, por medo de perder ajuda na campanha, é justamente o contrário, prometer posição às pessoas que não tem qualificação para entregar. O que vai ser um grande tiro no pé, uma vez que aniquila a possibilidade de reeleição. O maior prejudicado é o próprio político que prometeu o que não devia.

“Mas Dado, desta forma ninguém vai querer me ajudar!” Você ficaria surpreso(a) como as pessoas reagem a esse tipo de proposta.

Muitos deles entendem que seu vínculo é de momento e está tudo bem, outros não, faz parte. Claro que você precisa separar o nível de pessoas que estamos falando aqui. 

Existem aquelas lideranças que trazem muitas pessoas, estas devem ser consideradas de forma estratégica. Eles devem ser tratados com cuidado. O ideal são posições de mobilizadores externos ao gabinete e não na parte mais técnica e interna. O que é relativamente mais fácil de negociar.

O grande problema é negociar espaço para quem não terá condições de acompanhar o nível de exigência técnica que o mandato precisa para ser diferenciado.

Os requisitos técnicos e teóricos para o trabalho em gabinetes políticos são os mesmos de empresas de médio e grande porte. Nas empresas que realmente buscam crescimento, não se passa nem na porta sem ter condições de entregar os resultados e ponto final.

So bem grandes as chances de formar um time excelente sem ter (muitos) problemas com as pessoas, se organizar quem é quem na sua jornada e alinhando as expectativas de cada um. Sempre terão os insatisfeitos, mas o lance é: você já vai ter insatisfeitos de um jeito ou de outro.

A escolha será em ter alguns insatisfeitos e pessoas estrategicamente garantindo a longevidade de sua vida política, ou, ter pessoas incompetentes destruindo sua possibilidade de reeleição e insatisfeitos enchendo a paciência de qualquer jeito?

Não faça armadilhas para si próprio! Não existe melhor maneira de cuidar dos outros do que cuidar de você primeiro. Apenas quando se está pleno, derramamos prosperidade por onde passamos e ajudamos muito mais a todos coletivamente.

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