https://republicamarketingpolitico.com.br/

É Oficial: A Fotografia Eleitoral Entrou na Era da Inteligência Artificial

Em uma campanha eleitoral, a primeira impressão pode definir o destino de um candidato. E essa impressão, na maioria das vezes, vem de uma única imagem: a fotografia no santinho, o retrato no perfil das redes sociais, o rosto estampado nos materiais de divulgação. Mas e se essa foto não tivesse sido tirada por uma câmera, e sim criada por uma inteligência artificial?

Com os avanços da IA, a forma como produzimos imagens de campanha está passando por uma transformação sem precedentes. O que antes exigia um fotógrafo profissional, equipamentos caros e a disponibilidade do candidato para longas sessões agora pode ser feito em minutos – e com um nível de personalização inédito.

Neste artigo, compartilho minha experiência prática como diretor de fotografia no uso da IA para geração de imagens eleitorais e reflito sobre como essa tecnologia pode impactar as campanhas nos próximos anos.

*Essas imagens são resultados do meu trabalho com inteligência artificial utilizando a plataforma Freepik.

Minha Experiência com Imagens Geradas por IA

Nos últimos 35 dias, mergulhei em um processo intenso de experimentação para gerar fotografias eleitorais com inteligência artificial. O objetivo era simples: produzir imagens de alta qualidade sem depender de sessões fotográficas tradicionais.

As primeiras tentativas foram frustrantes. Os rostos saíam distorcidos, os sorrisos pareciam artificiais, e a imagem final não transmitia a mensagem desejada. Ajustar os prompts – os comandos que direcionam a IA – foi um processo demorado e exigiu inúmeras iterações. Para cada candidato, gerei cerca de mil imagens antes de chegar ao resultado ideal.

Mas algo interessante aconteceu: conforme fui refinando a técnica e entendendo o funcionamento da IA, o tempo de produção despencou. O que antes exigia horas de ajustes e testes passou a ser feito em minutos, com precisão cirúrgica. Hoje, com os parâmetros certos, posso gerar imagens de campanha com qualidade profissional quase instantaneamente.

Esse aprendizado inicial exigiu paciência, mas o ganho de velocidade e eficiência fez valer cada tentativa. Agora, a IA me permite entregar imagens com um nível de personalização que poucos fotógrafos conseguiriam oferecer no mesmo prazo e custo.

*Essas imagens são resultados do meu trabalho com inteligência artificial utilizando a plataforma Freepik.

Os Benefícios da Fotografia por IA nas Campanhas Eleitorais

A adoção da inteligência artificial na criação de imagens eleitorais oferece uma série de vantagens estratégicas.

Redução de custos – Sessões fotográficas profissionais envolvem fotógrafos, iluminação, equipamentos e edição. Com IA, é possível obter o mesmo nível de qualidade sem esses custos elevados.

Rapidez na produção – Enquanto uma sessão tradicional exige agendamento, deslocamento e pós-produção, com IA as imagens podem ser geradas em minutos. Em campanhas eleitorais, onde cada minuto conta, isso faz toda a diferença.

O candidato não precisa sair da campanha – Tempo é um dos recursos mais valiosos em uma eleição. Em vez de perder horas em um estúdio, o candidato pode continuar sua agenda normalmente enquanto sua equipe gera imagens de alta qualidade com IA.

Total controle estético – A tecnologia permite ajustes precisos na postura, na iluminação, no sorriso e até nas roupas do candidato, garantindo que a imagem transmita exatamente a mensagem desejada.

Os Desafios Técnicos da IA na Criação de Imagens

Apesar dos avanços na geração de imagens por inteligência artificial, algumas limitações técnicas ainda persistem, sendo a criação de mãos um dos maiores desafios. Historicamente, as mãos sempre foram um elemento complexo de representar na arte. Muitos artistas evitavam detalhá-las ou as retratavam de maneira estilizada, pois sua anatomia exige um domínio técnico avançado. Isso fez com que, ao longo dos séculos, houvesse uma quantidade reduzida de referências visuais de mãos realistas, o que impactou também os bancos de dados usados para treinar as IAs. Como resultado, até pouco tempo atrás, muitas imagens geradas por inteligência artificial apresentavam mãos deformadas, dedos a mais ou a menos e proporções irreais.

Se observarmos as imagens anexas a este artigo, podemos notar que, no caso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a IA gerou uma mão com cinco dedos. Esse erro não é consequência direta da limitação geral da tecnologia na criação de mãos, mas há uma correlação entre os dois fatores. A IA, ao gerar a imagem, baseia-se em padrões comuns, e a maioria esmagadora das referências disponíveis retrata mãos com cinco dedos. Para que ela reconheça corretamente a característica específica do presidente, seria necessário um refinamento mais detalhado no prompt e um treinamento direcionado com um grande volume de imagens que evidenciem essa particularidade. Isso demonstra que, embora as IAs já sejam capazes de gerar fotografias políticas convincentes, ajustes finos ainda são essenciais para garantir um nível máximo de precisão e fidelidade à realidade.

A Importância do Conhecimento Fotográfico na Era da IA

Apesar das facilidades proporcionadas pela IA, ela não elimina a necessidade de um profissional qualificado. A tecnologia é uma ferramenta poderosa, mas quem define o resultado final ainda é o ser humano.

Como diretor de fotografia, eu sabia exatamente o que buscava ao gerar essas imagens. O olhar, a posição do ombro, a iluminação, a textura da pele – tudo isso foi traduzido em comandos para a IA. Sem esse conhecimento técnico, os resultados seriam aleatórios e pouco eficazes.

Produzir boas imagens com IA não é apenas apertar um botão. É um processo de refinamento, onde a sensibilidade fotográfica e a experiência em direção de imagem fazem toda a diferença.

Reflexões sobre o Futuro: Eleições de 2026 e Além

Se hoje já conseguimos gerar imagens de campanha com qualidade impressionante, imagine como essa tecnologia estará nas eleições de 2026.

Isso traz oportunidades, mas também desafios. Se uma campanha pode criar imagens realistas para fortalecer sua comunicação, um adversário também pode usar essa mesma tecnologia para fabricar fotografias falsas e espalhá-las como se fossem verdadeiras. Como eleitores poderão distinguir uma imagem autêntica de uma gerada por IA? Como garantir que essa inovação seja usada de forma ética?

Os profissionais da área precisarão dominar não apenas a tecnologia, mas também os impactos estratégicos e éticos desse novo cenário.

Conclusão: IA e a Nova Era da Comunicação Política

A inteligência artificial está redefinindo a forma como campanhas eleitorais produzem suas imagens. Ela oferece rapidez, qualidade e acessibilidade, permitindo que candidatos de todos os níveis tenham fotografias profissionais sem os altos custos e limitações logísticas do passado.

No entanto, a expertise humana continua essencial. A IA pode gerar imagens, mas só um profissional qualificado saberá transformá-las em uma ferramenta poderosa de marketing político.

As imagens anexas a este artigo são um exemplo concreto dessa revolução. Elas foram criadas com um processo rigoroso de refinamento, utilizando princípios de fotografia profissional para alcançar um resultado final impactante.

O futuro das campanhas eleitorais será cada vez mais visual. E aqueles que souberem combinar tecnologia e estratégia sairão na frente na disputa pelo voto.


Gabriel Filipe é palestrante, escritor, jornalista, cineasta e professor de Filosofia, com especialização em Ciência Política e um MBA em Marketing Político e Eleitoral. Com mais de 18 anos na comunicação, já passou por sete emissoras de rádio no Brasil e teve experiência internacional na Record, em Lisboa, Portugal. Autor do livro Storytelling e Marketing Político: Como narrativas moldam campanhas e conquistam eleitores, destaca-se pela criação de estratégias audiovisuais que transformam campanhas e mandatos.

OS ARTIGOS PUBLICADOS PELOS COLUNISTAS SÃO DE RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DE SEUS AUTORES E NÃO REPRESENTAM AS IDEIAS OU OPINIÕES DA REPÚBLICA MARKETING POLÍTICO.

Cadastre-se