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O diagnóstico e a pesquisa no desenho de uma campanha eleitoral

O sucesso de uma campanha eleitoral está diretamente relacionado com a capacidade de se fazer um diagnóstico do cenário político e social que ocorre durante o pleito. 

Na pré-campanha eleitoral, é essencial iniciar com um estudo aprofundado da conjuntura política atual, considerando diversas vertentes. 

Se bem elaborada, uma pesquisa se preocupa em analisar o contexto eleitoral, socioeconômico, histórico e cultural do local onde a sucederá. 

É importante ter-se em mente que os objetivos que forem definidos a partir da pesquisa de diagnóstico podem determinar o resultado de uma campanha eleitoral. 

Exatamente por isso que essa pesquisa é tão valiosa e deve ser realizada corretamente, pois, se os objetivos forem mal definidos, o risco de ruína nas urnas é quase certo.

Portanto, pegue lápis e papel e venha desvendar os mistérios — não tão misteriosos assim — de uma boa pesquisa de diagnóstico. 

 

Aspectos de interesse em uma pesquisa de diagnóstico

 

Todo consultor político e/ou integrante de uma equipe eleitoral deve saber analisar a conjuntura, o cenário da competição política. Esse cenário é composto por:

  • Aspectos institucionais
  • Aspectos de conjuntura
  • Aspectos sociológicos e psicológicos do eleitorado
  • Aspectos de liderança

Abordaremos cada um desses aspectos de forma um pouco mais profunda e técnica. É de suma importância que você não pule nenhum tópico, pois cada um deles é relevante para o processo que antecede ao planejamento de uma campanha

 

Aspectos institucionais

 

Esse aspecto diz respeito ao quadro legal em que o pleito se dá. Em outras palavras, são as regras do jogo. Sabemos que cargos majoritários têm especificações legais de competição diferentes dos cargos proporcionais, por exemplo. Então, é necessário que saibamos quais são as regras institucionais que regem a dita eleição. 

Esse ponto não é, propriamente dito, uma fase da pesquisa de diagnóstico, seria um “preparatório de terreno”, uma maneira de organizar os passos futuros.

Para essa organização devemos pensar em aspectos como: prazo, limitações legais, regras financeiras, escolha de equipe de campanha, prazo para apresentação de candidatura, limitações acerca de publicidade, regras de financiamento, entre outros, precisam estar muito bem escalonados antes de qualquer outra ação. 

Não dá para ser pego de surpresa com uma proibição ou infração por falta de informação. Conheça as questões legais do processo eleitoral para não ser penalizado, pequenos detalhes podem virar uma intempérie, muitas vezes, evitável.

 

Aspectos de conjuntura política

 

Analisar o contexto atual é uma parte fundamental do diagnóstico inicial. Nesta fase é importante estabelecer os traços característicos permanentes e os do contexto atual. Para isso, existe uma série de análises que devem ser feitas para obter-se um profundo conhecimento do meio e traçar estratégias assertivas. 

A primeira pesquisa deve ser o histórico eleitoral, investigando o resultado das eleições anteriores. Pois dessa forma é possível deduzir tendências futuras e características permanentes do eleitorado. 

Assim, é necessário estar atento à progressão da participação eleitoral nos diversos tipos de eleição, pois o desenho dessa evolução ajuda a elaborar um plano de ação pautado na realidade da região, minimizando custos desnecessários, por exemplo. 

 

Aspectos sociológicos e psicológicos do eleitorado

 

É importante, também, pesquisar as características socioeconômicas dos cidadãos da região que se pretende disputar algum pleito. 

Além dos dados puramente eleitorais (que são significativos, mas não as únicas variáveis) é interessante traçar um perfil da população em um caráter mais aprofundado: renda per capita, números de desempregados, quantos são estudantes, estrutura populacional, origem da população, quantos são beneficiados com programas de auxílio do governo, faixa etária, número de unidades de saúde na região, taxa de criminalidade, taxa de escolaridade, índice de presença em debates públicos, evolução econômica da região nos últimos anos… Essas são apenas algumas das variáveis que precisamos levar em consideração. 

É fundamental analisar a evolução para definir a relação desses indicadores com os governos passados e suas necessidades para um governo futuro. 

Eu sugiro que se faça um mapa eleitoral com as informações coletadas, é muito interessante e eficaz ter uma imagem visual dos dados. Dessa forma, é possível desenhar diversos mapas com a representação espacial das diferentes camadas, sendo de grande valia para a compreensão da realidade eleitoral, mas, também, para a implementação de estratégias de marketing político. 

 

Aspectos de liderança

 

A quarta análise são os marcos das legislaturas anteriores, uma espécie de relatório do legislativo. Nele deve constar todos os elementos que marcaram as legislaturas anteriores e que podem condicionar o eixo orientador pelo qual a disputa eleitoral está definida. 

A esta história devem ser incorporadas, inclusive, as conquistas dos adversários – tanto os fatos positivos quanto negativos. Além das questões como agenda pública, midiática e política que não devem ficar de fora. 

Campanhas políticas, independente do porte, não requerem conhecimentos apenas gerais, mas também conhecimentos detalhados dos diferentes subníveis territoriais. 

Neste relatório, é fundamental incorporar além dos pontos citados acima, um breve diagnóstico das principais necessidades do local. Bem como algumas observações úteis para a construção das narrativas políticas utilizadas ao longo dos anos – quais obtiveram êxito e quais foram rejeitadas pela população. Essas informações são úteis para desenhar a base de discursos, programas eleitorais, locais e abordagens de visitas e para a segmentação da população. 

Uma vez analisados os aspectos acima abordados podemos partir para as pesquisas de rua, divididas em quantitativas e qualitativas.

 

Pesquisas quantitativas

 

As pesquisas quantitativas são estudos caracterizados por usarem um questionário padronizado, para consultar uma parcela da população. 

Essa estratégia permite inferir ou extrapolar os resultados obtidos nessa parcela para toda a população. Essas características podem ser o sexo, idade, se possui um emprego ou não, local em que mora e muitas outras características que permitam separar pessoas por grupos específicos. 

Dessa forma, é possível conseguir amostras e simular um número maior de pessoas com características semelhantes e que representem cada grupo da amostra. As pesquisas quantitativas se revelam muito eficazes no desenvolvimento de estratégias assertivas, pois é possível traçar um perfil de eleitor. 

 

Pesquisas qualitativas

 

Já as pesquisas qualitativas nos permitem entender por que os cidadãos pensam o que pensam. 

Permite-nos aprofundar os processos mentais que orientam a decisão do eleitor. Isso significa saber por que eles pensam de uma certa maneira sobre o candidato ou o partido, entender os significados associados a uma determinada marca política, e até mesmo, indagar os discursos latentes em relação aos problemas do cidadão, tendo informações mais claras sobre uma determinada questão. 

Sendo assim, essa pesquisa auxilia justamente neste ponto, tornando a relação mais segura para ambas as partes, já que o candidato entende como o seu público pensa e se sente. Em contrapartida, o eleitor tem o sentimento de ser abraçado pelo candidato, por se sentir um pouco mais compreendido. 

Dessa forma, fica mais fácil conseguir montar estratégias assertivas que atuem de forma direta no relacionamento do candidato com o seu eleitor.

Esse tipo de pesquisa também é importante para o partido político como um todo, pois com ela é possível entender qual é o perfil político que se encontra mais adequado para determinada disputa eleitoral.

O diagnóstico aprofundado e uma pesquisa bem orientada são excelentes estratégias de ação e não devem ser esquecidos.

 

Rumo às próximas eleições, você já fez o diagnóstico e as pesquisas para viabilizar a sua candidatura? Embora esteja na base do marketing político, as pesquisas não são o único elemento importante em uma campanha eleitoral vitoriosa. Confira os outros artigos da República Marketing Político para saber mais sobre o tema!

Já tratamos sobre as pesquisas também em nosso podcast, o RepúblicaCast, que você pode ouvir logo abaixo!

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