A decisão de voto de um eleitor é, normalmente, o produto último de um conjunto geralmente complexo de identificações, valores, crenças e atitudes, então, como votam os eleitores?
Conhecendo estes componentes no eleitorado, pode-se estimar a probabilidade de que certo grupo de eleitores podem ser influenciados, em sua decisão de voto, por um tipo específico de comunicação política.
As atitudes políticas fundamentais e conjunturais
Vale ressaltar que o voto não exprime apenas uma visão de curto prazo, ou o humor do momento, mas percebe atitudes políticas profundas sobre fenômenos políticos e sociais. Quando dizemos que alguém é “reacionário” ou “progressista”, liberal ou conservador, não se referem a opiniões do momento, mas a uma atitude política fundamental.
Cenário Mundial
Em alguns países da América Latina há um fenômeno determinante na decisão de voto que é a identificação partidária tradicional. PT e PSDB no Brasil, Liberais e conservadores na Colômbia, Blancos e Colorados no Uruguai, são exemplos disso. No Brasil, nas últimas eleições presidenciais, muitos eleitores votaram no candidato Aécio Neves, simples mente pelo fato de ser um partido de clara oposição ao PT de Dilma. Este é, sem dúvida, a atitude política fundamental mais importante. No entanto, é muito importante para avaliar e projetar uma estratégia eleitoral, compreender a força relativa da identificação da população com esses segmentos partidários. Até que ponto existe a possibilidade de modificar ou, eventualmente, avançar a outros espaços? Qual a margem tem a terceira via para aproveitar os espaços deixados pelos principais partidos? São perguntas que necessitam de respostas.
Identificação Política
Ao mesmo tempo, a identificação política tradicional contém um conjunto de crenças, sentimentos e valores que devem ser consideradas na construção de estratégia de expressão e comunicação do candidato. Entre as atitudes políticas fundamentais do eleitorado devem ser considerados: o grau de interesse na política, a atitude de mudar, a atitude em direção à liberdade e autoridade, a sua auto-identificação frente aos conceitos de esquerda e direita, etc.
Um primeiro componente do que temos definido como atitudes políticas fundamentais, ou “temperamento político”. Ou seja, na terminologia de alguns autores, é o grau de interesse na política. Conhecer as diferentes atitudes dos segmentos de eleitores, a participação ou o isolamento e desinteresse, ele tem um papel decisivo no desenvolvimento da estratégia de comunicação.
Linguagem Utilizada
Usar o mesmo tipo de linguagem para os militantes do partido e também para o cidadão desinteressado é um erro, ainda muito cometido em campanhas. A uniformização da mensagem demonstra a precariedade da campanha e apresenta uma cruel realidade: a falta de profissionalismo. Quando o desinteresse impera, o foco deve ser uma mensagem leve e emocional. É muito mais aconselhável a imagem que argumento. Primeiro conquistar, para depois fidelizar.
Interesse dos Eleitores
Os grupos com pouco interesse em política são os mais propensos a preencher a percentagem de indecisos nas pesquisas de opinião. Então, se concentrar os esforços de comunicação nesta “família política” geralmente é o investimento mais rentável para os candidatos, especialmente na última fase da campanha.
O grau de interesse na política varia substancialmente entre as categorias sócio-demográficas. Então, como regra geral, no Brasil, e até na América Latina, há uma tendência clara: Homens, eleitores de renda alta, mais escolarizados, média idade, urbanos, tem mais interesse em política, respectivamente, do que, mulher, eleitores de baixa renda, menos escolarizados, jovens ou idosos, rural.
Decisão
Na decisão do voto influem, para além do “temperamento político” ou atitudes políticas fundamentais. As opiniões circunstanciais, a percepção do momento político, o grau de confiança nos políticos e partidos. Enquanto na primeira categoria de atitudes fundamentais, que temos vindo a considerar, são estável ao longo do tempo. E, principalmente, relacionado com o tipo de personalidade do indivíduo, atitudes políticas de curto prazo ou conjunturais mudar rapidamente, por vezes, de um mês para outro. Seguindo os altos e baixos da vida política. Entre estes podemos incluir as opiniões do eleitorado sobre a situação, o grau de descontentamento, questões de preocupação, a atitude em relação a partidos e grupos políticos, por exemplo.
Portanto, podemos concluir que: em uma campanha é essencial separar as atitudes políticas conjunturais e fundamentais. A partir desses dados, as estratégias de campanha serão definidas e o futuro da eleição. Isso depende, em grande parte, de uma boa interpretação e análise de cada um desses elementos.
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