Um mandato sem comunicação está destinado ao fracasso. Como o político pretende manter uma boa base eleitoral se o público não sabe o que tem sido feito? Essa é, ainda, uma maneira de controlar a narrativa e não deixar que os adversários falem por você. Saiba como o marketing político pode ser usado para divulgar mandatos!
Em primeiro lugar, a base da representação política deve ser a transparência. Não é apenas um direito, mas também um dever constitucional prestar contas de suas atividades. Nesse sentido, o ministro Gilmar Mendes já afirmou, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que “um político que não possa dizer que está engajado em uma determinada atividade ou que defende certas ideias, sem dúvida, não é digno dessa atividade”.
Em segundo, quem não é visto, não é lembrado. De quatro em quatro anos, os políticos precisam receber votos da população para se reeleger. Mesmo no Senado, em que o mandato tem duração de oito anos, os políticos devem ter uma boa estratégia de comunicação para se fortalecer com a sociedade civil. É comum que, passados quatro anos, os senadores lancem suas candidaturas aos governos estaduais e federal.
Também é certo que a reeleição não é sempre o maior objetivo de um mandatário, mas o marketing político pode ser usado para fortalecê-lo frente aos pares. Precisa que um Projeto de Lei (PL) de sua autoria seja aprovado? Sua comunicação pode ser usada para mobilizar a opinião pública. Além disso, ela pode mobilizar eleitores para que um projeto que você não apoia seja rejeitado.
Por fim, um dos maiores ensinamentos da ciência política é que não existe vácuo de poder – e isso vale também para a comunicação. Se um mandatário não controla a própria narrativa e defende sua imagem, certamente estará vulnerável a ataques da oposição.
Para quem falar?
O primeiro passo para qualquer estratégia de marketing político é levantar um diagnóstico. Para isso, deve-se levar em consideração a percepção que os cidadãos têm do seu mandato, os principais problemas da sua base geográfica e os sentimentos da população sobre determinados assuntos-chave, entre outros. Em seguida, é necessário refletir sobre seus pontos fortes e fracos, dos principais adversários, do partido, movimentos sociais relevantes e demais agentes que influenciam o seu fazer político.
Além disso, mandatários também devem ter uma base de dados sobre a imprensa e jornalistas que cobrem política. Quais são os veículos que têm um público relevante para a sua estratégia? Também é importante levantar quais ameaçam a sua reputação. Esse levantamento é essencial para enviar releases, conceder entrevistas e, assim, fortalecer seu nome e controlar a narrativa sobre suas ações para o público geral.
Entretanto, segmentar a mensagem que você quer passar é ainda mais importante. Para essa finalidade, as mídias digitais serão suas maiores aliadas. O desafio é compreender a extensão da presença digital do mandatário, seus adversários e o que se fala deles nesses ambientes.
Faça um diagnóstico geral das principais redes sociais dos políticos e dos conteúdos indexados nos mecanismos de busca. Também construa um mapa de influenciadores, por área ou tema.
O que falar?
Com todos esses dados em mente, é hora de definir o tom que o político adotará na comunicação de seu mandato. Essa é a forma de mostrar para apoiadores e oposição que o mandatário está trabalhando para aquilo que foi eleito.
Além disso, é essencial manter estratégias de relacionamento com os eleitores. Seja respondendo comentários, mensagens diretas, atendendo telefones ou recebendo-os em seu gabinete.
De toda forma, o político deve se basear em uma pergunta: por que você foi eleito?
Por exemplo, se você foi eleito por profissionais da saúde, mostre que trabalha para melhorar essa área.
Como falar?
A comunicação de mandato não deve ser entediante. Pense que o público é mobilizado por emoções. Nesse sentido, os mandatários que adotam técnicas de storytelling têm mais sucesso na divulgação de seus projetos.
Um exercício é sempre considerar: como isso afeta o meu público?
Ao apresentar um PL, por exemplo, não faça da seguinte forma:
“Apresentei hoje o PL 0000/00, que visa aprimorar o serviço de ortopedia no Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto vai destinar XX reais para a compra de máquinas modernas.”
Nessa situação hipotética, reflita sobre os beneficiários dessa ação e conte uma história:
“Você já quebrou seu pé e sofreu com uma longa lista de espera no SUS? Imagine os milhões de brasileiros que necessitam do serviço gratuito de ortopedia e estão reféns das técnicas ultrapassadas do nosso sistema de saúde. Apresentei, hoje, um projeto que vai mudar isso, ao melhorar a qualidade dos aparelhos utilizados.”
Outro exemplo, políticos também costumam postar fotos de reuniões que não dizem nada, com legendas que comunicam menos ainda. Na contramão, reflita sobre o assunto da reunião que pode interessar aos eleitores. Esse será o mote das publicações nas redes sociais, dos releases enviados à imprensa, entre mais formas de divulgação de mandatos.
Além do storytelling, também é importante humanizar o político, seja mostrando seu dia, falando de temas que gosta e, mais importante, sendo verdadeiro.
Já tem uma boa equipe de comunicação?
Pode até parecer senso comum, mas uma boa comunicação de mandato é feita por bons profissionais da área. Na hora de montar sua equipe, é preciso contratar trabalhadores capacitados para suas funções, e não pessoas sem as habilidades necessárias para cuidar de uma imagem política.
Nesse sentido, o tamanho das equipes dependerá do volume de demandas e do tamanho do cargo, do vereador ao presidente. Em resumo, a dupla de criação é essencial em qualquer cenário. Tratam-se dos profissionais de texto, que realizarão as funções de social media, redator e assessor de imprensa; e dos profissionais de arte, que produzirão as peças gráficas, vídeos e outros designs.
As atribuições desses trabalhadores podem ser divididas em mais contratações, aprimorando ainda mais a comunicação de mandato. Nesse caso, também vale investir em profissionais de tráfego pago e monitoramento. O mais importante é se cercar de agentes que não tenham medo de contradizê-lo.
Por fim, se falamos de marketing político para mandatos, não podemos deixar de mencionar que a implementação de uma boa estratégia de comunicação reduz (e muito) o trabalho e o investimento em futuras campanhas eleitorais.
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